SINDIÁGUA-PB

Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação da Água e em Serviços de Esgotos do Estado da Paraíba

Copasa segue Sabesp e prepara primeira PPP

13 de dezembro de 2012

Segunda maior empresa pública de saneamento do Brasil, a mineira Copasa segue cada vez mais os passos da paulista Sabesp para avançar no setor. Além de estudar oportunidades de crescimento além das concessões de água e esgoto, a companhia está atenta às possibilidades fora de Minas Gerais e neste momento tem entre as prioridades o lançamento de sua primeira Parceria Público-Privada (PPP).

O presidente da Copasa, Ricardo Simões, afirmou que a publicação do edital da PPP destinada à ampliação do sistema de abastecimento de água rio Manso deve ficar para o início de 2013. A licitação poderá custar em torno de R$ 500 milhões e vai envolver a ampliação da capacidade de fornecimento de água, no sistema do rio Manso, nas proximidades de Belo Horizonte. A intenção é elevar a capacidade de quatro para seis m3 por segundo. A PPP deve ter prazo de 15 anos e poderá ser viabilizada a partir do segundo semestre do próximo ano.

“Estamos na fase final de revisão do edital, com vistas à publicação. Por força estatutária, vamos depender de autorização de assembleia de acionistas que estamos trabalhando para que aconteça ainda neste ano, mas acho que o prazo vai ficar mesmo para o início de 2013″, disse o executivo, na empresa desde 1977.

Essa será a primeira PPP da companhia mineira e, embora Simões não considere outras parcerias no curto prazo, ele destaca a relevância desse tipo de projeto. “As empresas têm capacidade limitada de endividamento e, no momento que grandes investimentos forem feitos via PPP, desonera-se a capacidade de endividamento e abre-se a perspectiva para ampliação do nível de investimento”, afirmou.
A relação dívida líquida sobre o resultado operacional (Ebitda) da Copasa está em 2,4 vezes, pouco acima do valor apresentado pela Sabesp (1,9 vez).

O maior desafio da empresa é ampliar a atuação no próprio Estado. Dos 853 municípios de Minas Gerais, a Copasa só tem concessões plenas em 240, dilema maior que o da Sabesp, responsável pelos serviços de água e esgoto de 305 das 645 cidades de São Paulo.

“A empresa ainda tem um espaço grande para crescer no Estado. A universalização é o grande desafio do setor, então os esforços têm que ser concentrados para o Estado de Minas Gerais e, no segundo plano, para o Brasil como um todo”, disse.

Enquanto a Sabesp tem como meta universalizar os serviços em São Paulo até 2020, a Copasa ainda olha o horizonte de 2032. Para chegar lá, a empresa precisa investir anualmente cerca de R$ 1,6 bilhão, longe do patamar atual. Em 2010, a empresa investiu R$ 838,3 milhões e, em 2011, R$ 683 milhões. A meta para este ano é que o total suba para R$ 850 milhões, mas, até outubro, os aportes somaram apenas R$ 502,5 milhões.

“As dificuldades da Copasa são as do setor. Certamente não é um investimento a ser alavancado com tarifa. A revisão tarifária terá um papel importantíssimo na alavancagem do investimento, mas outras alternativas terão de ser oferecidas”, disse Simões, referindo-se à necessidade de contar com maior nível de recursos da União principalmente nas áreas rurais e em municípios mais pobres, e também com uma desoneração do setor, com a possível transferência dos impostos pagos para investimentos.

Ainda que as ações tanto da Sabesp como da Copasa sejam as “queridinhas” da bolsa neste ano, com forte alta puxada pela expectativa favorável com a revisão tarifária da empresa paulista, o processo ainda não tem previsão para sair do papel no caso da companhia mineira. A revisão é vista com bons olhos pelo mercado, já que, com ela, a tarifa, atualmente atualizada pela inflação, tende a remunerar os investimentos feitos pelas companhias.

Mas enquanto a Arsae-MG, a agência reguladora de saneamento do Estado, não se posiciona, a Copasa segue cautelosa nos investimentos. Segundo o diretor, a empresa pretende manter o atual nível de aportes nos próximos três anos entre R$ 700 e R$ 900 milhões. “Para os anos seguintes, em função da revisão tarifária, da forma como as regras forem estabelecidas, poderemos reavaliar os investimentos”, afirmou o executivo.

A Copasa também não pretende ampliar o ritmo da distribuição de dividendos, mantido em 35% do lucro líquido entre 2009 e este ano. “Por enquanto, não há espaço para aumento, porque há a necessidade de investimentos pesados”, disse Simões.

Mesmo mais conservadora, a empresa está de olho em oportunidades de crescimento em outras áreas do saneamento e até fora de Minas Gerais. “Após o marco regulatório de 2007, o setor tende a uma consolidação, em que oportunidades fora do Estado certamente vão surgir e que terão de ser ocupadas pelas empresas mais bem preparadas e por outros players que vão surgir no mercado. Então buscamos estar atentos a essas oportunidades”, afirmou o diretor-presidente.

De olho no aproveitamento energético em seus próprios negócios, o diretor da Copasa cita como alternativa de crescimento a produção de energia por meio do gás gerado a partir do esgoto. Segundo Simões, a empresa já tem um projeto desse tipo em Belo Horizonte que dá autossuficiência a uma estação e, com o tempo, a ideia é que haja um superávit que poderá ser ofertado. O foco, contudo, está na autossuficiência, de forma a reduzir o custo de energia, o principal da empresa.

A Copasa ainda estuda projetos ligados ao aproveitamento do potencial hidrelétrico de barragens e à atuação dentro de empresas privadas. “Nossa ideia é ter um foco no negócio de água e esgoto, não necessariamente apenas em concessões de serviços públicos, mas também com a participação na operação de plantas industriais”, afirmou o diretor-presidente.

Fonte: Valor Econômico/FNU-CUT

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